É
com muita habilidade que a decoradora Rosely Castanho Pignataro separa as
garrafas PET e reutiliza cada pequena parte do item plástico para fazer suas
decorações
“Não adianta você
só separar o lixo, é preciso dar um jeito nele”. Rosely Castanho Pignataro é
daquelas pessoas que não se limitam em falar, mas praticam o que dizem.
É com
muita habilidade que ela separa as garrafas PET e reutiliza cada pequena parte
do item plástico para fazer suas decorações.
Para
Rosely não existe nada perdido, diversas coisas que aparentemente perderam a
utilidade são transformadas e revitalizadas em suas mãos.
Ela começou a exercer
a atividade de decoradora por acaso, era somente para conseguir enfeitar o
prédio onde mora, sem gastar muito dinheiro.
A solução para o problema
financeiro foi reaproveitar as garrafas PET que iriam para o lixo.
A
decoração despretenciosa foi eleita como a mais bela da capital paulista, por um
concurso da Globo, chamado Brilha São Paulo, que foi extinto na época em que a
cidade sofreu com o apagão.
Rosely nem sabia que a sua decoração estava na lista
do concurso, já que sua filha havia feito a inscrição em segredo.
E a atividade
que surgiu somente como “quebra-galho” virou coisa séria, remunerada, importante
para Rosely e mais importante ainda para o meio ambiente.
Rosely era
tradutora e professora de inglês, mas a profissão, que ela praticou por grande
parte de sua vida, nunca lhe trouxe tanta alegria como o trabalho com decorações
feitas com garrafas PET.
“Eu coloco a minha vida nisso”, assim ela explica a
importância da reciclagem e do trabalho artesanal.
O
trabalho de Rosely não consiste apenas em pensar e elaborar o tipo de decoração,
mas principalmente em estabelecer uma maneira de fazer tudo utilizando garrafas
PET.
A artesã conta com apenas três funcionários “parciais” - o faxineiro, o
porteiro e o zelador do seu condomínio - e o espaço do salão de festas, para
fazer decorações para as mais diversas datas comemorativas.
Já foram dias das
mães, páscoa, festas juninas, copa, mas a
época preferida e mais trabalhosa é, sem dúvida, o natal.
As
garrafas, principais matérias-primas usadas por Rosely, foram inventadas em 1970
nos Estados Unidos e só passaram a ser recicladas em 1990.
Elas chegaram ao
Brasil em 1988 e hoje, 68% de todo o refrigerante que é produzido aqui vem
embalado em garrafas PET.
De toda essa produção, pouco mais da metade é
reciclado.
Em 2008, o índice de reciclagem foi de 54,8%, ou seja, praticamente
209 mil toneladas de PET foram descartadas inadequadamente.
Por causa do pouco
desenvolvimento da indústria de reciclagem no Brasil, o país deixa de lucrar
anualmente R$ 8 bilhões.
Em sua primeira “obra de arte” de garrafas PET,
Rosely usou duas mil garrafas, hoje, após dez anos de trabalho, são utilizadas
anualmente dez mil garrafas.
Todo o material é obtido através de doações da
comunidade.
A ex-tradutora diz que a população é muito solícita em doar
garrafas, inclusive chega um período em que ela já tem material suficiente e é
obrigada a rejeitar parte das doações.
Receber prêmios por sua decoração
é algo comum e para Rosely essa não é a melhor recompensa.
O que a deixa mais
feliz é poder ver as pessoas alegres com os enfeites e a possibilidade de aliar
tudo isso à reciclagem.
Somente com a decoração de natal, ela impede que meia
tonelada de garrafas plásticas seja descartada indevidamente.
Os resíduos que
permaneceriam em lixões, rios, oceanos ou nas ruas, por mais de 300 anos, deixam
de ser lixo e viram arte.
Até o ano retrasado Rosely ministrava cursos para passar adiante a técnica da
decoração com materiais recicláveis.
Porém, por causa da grande quantidade de
trabalho, ela não tem conseguido conciliar as duas coisas.
A artesã garante que
essa atividade é rentável e poderia ser olhada com melhores olhos pelo governo,
que ao investir em capacitação profissional na área, resolveria dois problemas
de uma só vez.
Seria possível dar uma profissão a quem está desempregado e
diminuir a quantidade de poluição espalhada pela cidade.
O natal deste ano será agitado para Rosely, que tem que dar conta da
decoração de uma escola e mais três condomínios.
Por causa dos lindos enfeites,
que contagiam famílias e se tornou ponto turístico da região, o prédio onde a
artesã mora foi apelidado por uma de suas amigas de “Disneylândia da Mooca”.
Mais do que diversão, as decorações trazem a essência de conscientização e uma
proposta muito boa e simples para solucionar o destino dos resíduos sólidos que
nós produzimos diariamente.
fonte: Ciclo Vivo
http://www.setorreciclagem.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=1310
|
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário