Assistente social só aprova a consulta de animais cujos donos não podem
mesmo pagar pelo tratamento
MÁRCIA
PEREIRA
marcia.pereira@diariosp.com.br
Sergio Tomisaki/Diário SP
Vale o sacrifício!
Os
donos dos animais chegam no local por volta das 5h
Graças à mobilização
de ONGs protetoras dos animais, bichos de estimação que morreriam sem receber
nenhum tipo de tratamento por falta de dinheiro para custear as despesas agora
têm uma chance de sobreviver.
Ao menos esse é o objetivo do primeiro
hospital veterinário público de São Paulo, que começou suas atividades em julho
e já atende a uma demanda maior do que a sua capacidade.
“Sem poder pagar pelos
serviços de uma clínica veterinária particular, um pedaço dessas pessoas morria
junto com seus bichos”, diz Renato Tartalia, diretor do hospital.
Não
foi simples fazer o hospital acontecer.
Demorou mais de dois anos para o projeto
da clínica para os bichos sair do papel.
A abertura significou um passo
importante para quem não tem recursos.
Em um imóvel apertado, de cerca de
140 metros quadrados, uma equipe de 25 veterinários socorre cães e gatos
doentes.
São 120 atendimentos diários, todos casos de urgência.
Uma assistente
social “barra” quem não se encaixa na exigência número um: não ter condições
mesmo de pagar um veterinário particular.
Para o trabalho, a Prefeitura
fechou um contrato com a Anclivepa-SP (Associação Nacional de Clínicos
Veterinários de Pequenos Animais de São Paulo), no qual destina R$ 600 mil
mensais para o atendimento médico dos pets.
A unidade no Tatuapé, na Zona
Leste, está em uma instalação provisória e se mudará em breve para um imóvel
maior em dois meses.
Infelizmente, muitos dos casos atendidos no local ocorrem
por negligência dos donos dos animais, seja por não terem dado vacinas, porque
não castraram o animal ou porque o bicho vive solto na rua e acaba
atropelado.
“Todo mundo está trabalhando com o coração. Os profissionais
que trabalham aqui ganham R$ 23,50 por hora. As clínicas pagam o dobro.
A nossa
intenção é fazer a verba render.
Representamos uma iniciativa que precisa dar um
bom exemplo para continuar”, diz o diretor.
Para conseguir ser atendido, o
dono do animal precisa pegar uma senha. Para isso, o público chega por volta das
5h.
“Valeu a pena, pois cheguei aqui com o Bill defecando sangue.
Estou
desempregado há cinco meses e essa era a única forma de tentar fazer algo por
ele”, conta Rogério Dias.
O atendimento é das 8h às 18h, no número 3 da
Rua Professor Carlos Zagotis.
O telefone é (11)
2227-0858.
Universidades têm preços mais em conta
Algumas
universidades da Grande São Paulo oferecem atendimento de emergência ou consulta
em diferentes especialidades para animais com preço mais barato.
Por
determinação do Conselho Regional de Medicina Veterinária, elas não podem
oferecer serviços de graça para não concorrer com os profissionais formados,
mas os valores cobrados são, em média, 30% menores do que os cobrados pelas
clínicas particulares.
Nessa lista de instituições estão a USP
(Universidade de São Paulo), a Unip (Universidade Paulista), a Universidade
Metodista de São Paulo e a Universidade Anhembi Morumbi.
“Atendemos de 70 a 80
casos por dia.
O nosso objetivo é formar alunos e prestar um serviço de
qualidade”, diz Fabricio Lorenzine, da Anhembi Morumbi, onde o atendimento é
feito de segunda a sexta-feira, das 8h às 21h.
No hospital-escola da
Anhembi Morumbi, animais de grande porte, como cavalos e vacas, também são
atendidos.
Entre as especialidades do local, estão a fisioterapia, a
dermatologia e a endocrinologia.
DEPOIMENTO
Raquel
Romani_
‘Salvaram o meu Negão’
A dona de casa Raquel Romani, 44 anos,
permaneceu por três dias em pé ao lado do cachorro Negão, que tem 8 anos.
“Chegamos todos os dias às 6h, mas valeu a pena.
Salvaram o meu Negão.”
O cão
dela teve insuficiência renal e
gastrite.
http://diariosp.com.br/noticia/detalhe/31399/Hospital+de+caes+e+gatos+esta+a+todo+vapor