segunda-feira, 26 de julho de 2010

Cães Selvagens


As muitas espécies de cães selvagens ainda são pouco conhecidas e temidas pela maioria das pessoas.
Muitos acreditam que eles sejam os ancestrais dos cães domésticos, mas isso não é inteiramente verdade.
Os cães domésticos e selvagens de hoje são descendentes de antigas espécies de cães selvagens.
O gênero Tomarctus, atualmente extinto é provavelmente o ancestral de todos os canídeos de hoje.
É esta espécie ancestral em comum que determina as semelhanças existentes entre nossos cães domésticos e as mais de 35 espécies atuais de cães selvagens.

Todos eles evoluiram até os dias de hoje e seria incorreto considerar os cães selvagens mais primitivos que os domésticos.
Tanto cães domésticos quanto cães selvagens são espécies bem adaptadas ao seu meio e resultado de um longo processo evolutivo
(Devemos Lembrar que aqui consideramos cães selvagens todos os outros membros da família dos canídeos e não apenas os representantes do gênero canis.)

A família dos canídeos é composta atualmente por 14 gêneros, são eles:

Gênero Atelocynus: short-eared dog
Gênero Canis: Cães, chacais, coiotes, dingos e lobos
Gênero Cerdocyon:crab-eating fox
Gênero Chrysocyon: Lobo guará
Gênero Cuon: Dhole
Gênero Dusicyon: Lobo das malvinas ou Raposa das Malvinas
Gênero Lycalopex: Raposas Sul-Americanas
Gênero Lycaon: Cão caçador africano
Gênero Nyctereutes: Cachorro guaxinim
Gênero Otocyon: Raposas de orelhas de morcego
Gênero Pseudalopex: Raposas Sul-Americanas
Gênero Speothos: Cachorro vinagre
Gênero Urocyon: Raposas cinzentas
Gênero Vulpes: Raposas

As diversas espécies e sub espécies vivem em todas as regiões do mundo com exceção da Antártida e de algumas ilhas oceânicas.
Grande parte delas vivem em matilhas ou alcatéias com muitos indivíduos, outros em grupos pequenos e algumas até mesmo aos pares como o lobo-guará.
Em geral os canídeos são animais sociais e é raro ver um animal solitário na natureza, contudo, exemplos de lobos sem alcatéia e de chacais listrados solitários já foram registrados.

O lobo é justamente o mais conhecido e mais temido destes cães, presente em grande parte do chamado ‘velho mundo’ sua história junto aos humanos cobriu de misticismo e superstição a sua imagem e levou a morte de muitos exemplares em épocas não muito distantes.
O lobo é o parente mais próximo dos cães domésticos, com exceção , talvez, do Dingo australiano que, segundo alguns, é uma espécie de cão doméstico que voltou a vida selvagem.

Enquanto no norte temos o lobo e todas as suas subespécies e na Austrália o dingo, na América do Sul o maior canídeo que existe é o lobo-guará.
Além deste muitas outras espécies menores como as raposas sul-americanas até os cachorros vinagre ainda habitam as matas e cerrados da América do Sul.
No sul da Ásia existe o dohle ou cão vermelho da China e na África os mabecos ou cães caçadores africanos são os mais representativos, dividindo seu espaço com os chacais (diversas espécies deles) e os lobos etíopes e as raposas orelhudas .

Além de todos estes existem diversas espécies de raposas e outros “cães do mato” que vivem nas matas, campos e arredores de cidades de todo o mundo.
Algumas espécies estão aprendendo até mesmo a viver dentro das cidades.
O coiote e a raposa vermelha devido a diminuição de seus habitats naturais ou mesmo a sua grande adatabilidade e natureza oportunista estão se adaptando a vida urbana e até mesmo, “prosperando”.

Algumas cidades da costa oeste dos EUA têm populações de coiotes urbanos de milhares de exemplares enquanto que as raposas aprenderam a cavar tocas em depósitos de lixo e na Inglaterra e estão aumentando suas populações.

A diversidade de formas e tamanhos entre os cães selvagens até que é expressiva, existem espécies pequenas, grandes, peludas, orelhudas, unicolores e de várias cores dependendo do ambiente onde vivem, mas nada se compara à diversidade encontrada dentro dos cães domésticos.

A maioria dos grandes cães selvagens está ameaçada de extinção e alguns esforços têm sido feito para preservá-los, mas muitas espécies ainda estão correndo perigo.
Alguns projetos ambientais recentes tem tentado salvar os lobos em algumas regiões do hemisfério norte, ou mesmo reintroduzí-los em regiões de onde eles foram expulsos como o parque nacional de yellowstone nos EUA, contudo, as poulações humanas têm sido o maior entrave para estes projetos já que em muitos lugares os lobos e outros cães selvagens não são mais bem vindos.

Muitas pessoas não gostam dos canídeos selvagens por considerá-los perigosos, mas são raros os casos de ataques com vítimas fatais a seres humanos.
Alguns não gostam porque acreditam que eles matam os animais de fazenda como o gado e as ovelhas, o que em algumas regiões de fato acontece, mas não em escala tão grande quanto a que afirmam os fazendeiros.
Algumas espécies já foram extintas no século XX, como o lobo das Malvinas e outras podem seguir o mesmo caminho em pouco tempo.

A maioria dos cães selvagens, contudo, é benéfica para as pessoas pois caçam ratos e outros pequenos roedores que comem grãos e podem se tornar pragas para a agricultura.
As raposas, por exemplo, não são perigosas para as pessoas (só se estiverem contaminadas com raiva) e a maioria das outras espécies de canídeos, mesmo as de grande porte, têm medo do ser humano, até mesmo os lobos preferem evitar contato com as pessoas.

A verdade é que cães selvagens e domésticos são muito mais parecidos do que se costuma pensar. Algumas raças reconhecidas pela FCI atualmente vivem como cães selvagens em algumas partes do mundo.
O basenji é um exemplo, alguns grupos selvagens foram registrados na África e o cão cantor da Nova Guiné (este último não é reconhecido oficialmente) também já foi visto formando grupos de cães selvagens.
Outros grupos, inclusive de cães sem raça se abandonados em regiões selvagens podem começar a se comportar da mesma maneira que uma alcatéia, inclusive com o mesmo sistema de hierarquia, eles têm um casal líder e caçam presas adequadas ao seu tamanho pra sobreviver.

O comportamento dos cães domésticos é derivado do comportamento dos cães selvagens e, se os canídeos nao fossem animais tão sociáveis, dificilmente teríamos cães de estimação hoje, pois a domesticação dos cães dificilmente teria sido bem sucedida se os canídeos não fossem pré adatados a aceitar sua posição hierárquica dentro das famílias humanas.

As únicas maneiras de um cão selvagem realmente apresentar perigo para as pessoas seria no caso de espécies de grande porte caçando (principalmente em bandos) como lobos ou dohles ou, como transmissores de doenças, especialmente do vírus da raiva.
O mito medieval do lobisomem teria surgido quando animais infectados mordiam pessoas de vilarejos e estas, ao contrair a doença começavam a ter seu comportamento alterado.
Os aldeões acreditavam que a pessoa estava “se transformando” no animal que a mordeu e daí a lenda surgiu.

Outro aspecto sobre os cães selvagens é que nem tudo que possui o “nome” lobo é de fato um lobo. Costuma-se confundir hienas e “lobos” da tasmânia com cães selvagens por causa de sua aparência e porte que lembram os de um cão.
Estes animais, contudo, não são parentes dos cães, sendo as hienas mais próximas dos gatos e mangustos e os “lobos” da tasmânia ou “tilacinos”, atualmente extintos, parentes do canguru e do gambá.
Existe ainda outro animal chamado procelo que alguns confundem com cães, na verdade o procelo se parece um pouco com uma hiena e por isso é confundido com uma que é confundida com os cães, quando não é nem uma coisa, nem outra, pertencendo a um grupo separado.
O fato de procelos e hienas viverem no continente africano também reforça a semelhança entre os dois para os leigos.

Cães selvagens, assim como todos as espécies de animais que compartilham uma história junto com o Homem são parte da nossa cultura e tradições, adorados em religiões antigas e símbolos culturais para diversos povos.

Referências utilizadas:
Enciclopédia dos cães Royal Canin
O reino animal v.3
Site: animaldiversity

Nenhum comentário: