É engraçado pensar como as pessoas iniciam os problemas comportamentais, especialmente quando os cães ainda são filhotes.
Nessa fase, a maioria das pessoas não se importa quando o cachorro rosna para alguém, por exemplo, quando a pessoa se aproxima da vasilha de comida.
Com o passar do tempo o cão cresce e, o que era bonitinho há algum tempo, agora é visto como um perigo, pois o cão avança nas pessoas além de rosnar.
Mas por se tratar de um cão idoso, muitas pessoas acreditam que é impossível “ensinar” novos hábitos para um velho cão.
O mito acaba atrapalhando o adestramento dos cães.
(FOTO: Flickr//kojotomoto)
Esse é um grande mito que circula entre os donos de cães.
De forma geral, as pessoas acreditam que é impossível reabilitar os cachorros que tiveram uma vida toda de mau comportamento.
Talvez, a idade do animal seja um fator que dificulte o treinamento ou adestramento dos animais – porém, não é impossívelfazer isso.
Na reabilitação comportamental, a idade jamais é um problema, pois a psicologia canina é algo que faz parte do cão desde seu nascimento e o acompanha por toda a vida.
Por isso, entender como os cães realmente pensam é a chave para o sucesso na reabilitação – independentemente da idade do animal.
Normalmente, a principal falha dos donos de cães é a falta de regras e limites claros na criação dos cachorros.
Enquanto o animal é apenas um filhote, muitas pessoas permitem comportamentos como mordidas, rosnados, subir no sofá sem autorização, latir para estranhos, dentre muitos outros.
Isso éerroneamente permitido, pois nessa fase, o cachorrinho ainda é inofensivo e, por muitas vezes, é engraçado observar tais situações.
Imagine um filhotinho que fica pulando nas pessoas – isso pode ser visto como bonitinho por muitos, pois dá a impressão que ele está buscando por atenção.
Porém, quando ficam maiores, o problema cresce também, pois agora, é um animal de 40 Kg pulando sobre as pessoas.
Sem dúvida, a falta de limites quando o cão era pequeno foi um fator determinante para a continuidade e evolução do mau comportamento.
Os limites devem ser impostos desde cedo, mas cães idosos são, sim, capazes de aprender. (FOTO: Flickr//Dei3Nascar8)
A psicologia canina nos ensina que, independentemente da idade, uma matilha é estruturada, sempre dividida em líderes e liderados.
Não existe outra opção para o cão em um grupo – ou ele dita as regras ou as obedece.
A mudança do status de um cão no grupo pode mudar com o passar do tempo – o animal que hoje é o alfa, amanhã pode não ser mais, assumindo uma posição mais submissa dentro daquele bando.
Essa organização é algo natural para os cães, e nada tem a ver com idade.
Um cachorro com mais idade pode ser o líder ou estar numa posição mais submissa do bando.
Não importa a idade, os animais submissos obedecerão às regras e limites impostos pelos animais líderes ou alfa – e é assim que eles agem conosco quando não somos assertivos.
Logo, mesmo os animais mais velhos e submissos devem respeitar a liderança do alfa, mesmo que em algum momento ele tenha sido o líder daquele bando.
Para isso, basta que o líder seja consistente com suas regras e limites e aja com calma e assertividade, pois é assim que os alfas o fazem – sem agressividade e excesso de energia.
Portanto, o fator idade não é algo que impossibilite os donos de colocar seus cães no lugar certo dentro do seu bando – ou seja, como submissos, e não como líderes – mesmo como os mais velhinhos.
Dr. Marcel Pereira é Médico Veterinário e Mestre em Medicina Veterinária pela USP.
Atua como terapeuta canino, reabilitando cães com problemas comportamentais.
Escreve, aqui no Eu Amo Cães..., sobre comportamento canino.
E-mail: contato@comportamentocanino.vet.br
Site: http://www.comportamentocanino.vet.br
http://www.euamocaes.com/
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