(O governo brasileiro quer a soberania sobre o destino de todas as
ararinhas-azuis em cativeiro existentes no mundo)
O Ibama decidiu dissolver o Comitê para Recuperação da
Ararinha-Azul (Cyanopsitta spixii), criado em 1990 com o objetivo de
estabelecer estratégias de recuperação da espécie, uma das mais ameaçadas de
extinção do mundo e endêmica da caatinga baiana.
A dissolução do grupo deve-se,
entre outros fatores, à falta de colaboração e às atitudes tomadas, à revelia do
comitê, por parte de alguns membros.
O que desencadeou a crise interna do comitê foi o fato de o
governo brasileiro não ter a soberania sobre o destino das aves que encontram-se
no exterior, sendo isso uma grave ameaça ao programa de recuperação da espécie.
Das cerca de 60 aves existentes em cativeiro no mundo, o Brasil detém a
propriedade de apenas oito delas.
As demais estão em poder de mantenedores que
integravam o grupo e de colecionadores particulares.
Nos últimos meses, o Ibama tentou reestruturar o comitê mas não
obteve sequer o posicionamento da maioria dos membros em relação à nova
proposta, fundamentada no princípio de que o governo brasileiro deve ter a
soberania sobre o destino de todas aves.
No entendimento dos especialistas, as
ararinhas-azuis cativas devem ser manejadas como uma única população devido a
fatores genéticos e demográficos.
O último exemplar selvagem conhecido dessa
espécie e que habitava a região de Curaçá, no sertão da Bahia, desapareceu em
outubro de 2000.
“A dissolução do comitê não representa o fim dos esforços do
Brasil para salvar a espécie.”, afirma Iolita Bampi, coordenadora-geral de Fauna
do Ibama.
A partir de agora, cabe apenas ao instituto a continuidade do programa
de recuperação da ararinha-azul.
“Sem a cooperação dos mantenedores será
impossível a recuperação da ararinha-azul e teremos que assumir a trágica
extinção de mais uma espécie brasileira”, disse Iolita Bampi.
Além da extinção do comitê, o Ibama e o Itamaraty pediram às
autoridades Cites (Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da
Flora e da Fauna Selvagens em Perigo de Extinção, na sigla em inglês) a
intervenção junto aos mantenedores estrangeiros para que eles se posicionem em
relação à proposta brasileira.
O Ibama também espera o apoio das ONGs
ambientalistas nacionais e estrangeiras para pressionar os mantenedores a
devolverem a propriedade das aves ao Brasil.
Fonte: IBAMA - www.ibama.gov.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário