quarta-feira, 9 de maio de 2012

Ibama dissolve comitê de recuperação da ararinha-azul










 

(O governo brasileiro quer a soberania sobre o destino de todas as ararinhas-azuis em cativeiro existentes no mundo)

O Ibama decidiu dissolver o Comitê para Recuperação da Ararinha-Azul (Cyanopsitta spixii), criado em 1990 com o objetivo de estabelecer estratégias de recuperação da espécie, uma das mais ameaçadas de extinção do mundo e endêmica da caatinga baiana.

A dissolução do grupo deve-se, entre outros fatores, à falta de colaboração e às atitudes tomadas, à revelia do comitê, por parte de alguns membros.

O que desencadeou a crise interna do comitê foi o fato de o governo brasileiro não ter a soberania sobre o destino das aves que encontram-se no exterior, sendo isso uma grave ameaça ao programa de recuperação da espécie.

Das cerca de 60 aves existentes em cativeiro no mundo, o Brasil detém a propriedade de apenas oito delas.

As demais estão em poder de mantenedores que integravam o grupo e de colecionadores particulares.

Nos últimos meses, o Ibama tentou reestruturar o comitê mas não obteve sequer o posicionamento da maioria dos membros em relação à nova proposta, fundamentada no princípio de que o governo brasileiro deve ter a soberania sobre o destino de todas aves.

No entendimento dos especialistas, as ararinhas-azuis cativas devem ser manejadas como uma única população devido a fatores genéticos e demográficos.

O último exemplar selvagem conhecido dessa espécie e que habitava a região de Curaçá, no sertão da Bahia, desapareceu em outubro de 2000.

“A dissolução do comitê não representa o fim dos esforços do Brasil para salvar a espécie.”, afirma Iolita Bampi, coordenadora-geral de Fauna do Ibama.

A partir de agora, cabe apenas ao instituto a continuidade do programa de recuperação da ararinha-azul.

 “Sem a cooperação dos mantenedores será impossível a recuperação da ararinha-azul e teremos que assumir a trágica extinção de mais uma espécie brasileira”, disse Iolita Bampi.

Além da extinção do comitê, o Ibama e o Itamaraty pediram às autoridades Cites (Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora e da Fauna Selvagens em Perigo de Extinção, na sigla em inglês) a intervenção junto aos mantenedores estrangeiros para que eles se posicionem em relação à proposta brasileira.

O Ibama também espera o apoio das ONGs ambientalistas nacionais e estrangeiras para pressionar os mantenedores a devolverem a propriedade das aves ao Brasil.

Fonte: IBAMA - www.ibama.gov.br

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