Assunto
eutanásia animal - originalmente do grego eu-thanasia:"morte feliz", ganha cada
vez mais espaço nos meios acadêmicos veterinários de países desenvolvidos.
Conforme estudos elaborados nos estados unidos, eutanásia representa 3% da
clínica veterinária.
No
Brasil, o tema é discutido com pouca ênfase nas universidades e nos diversos
setores da classe médica veterinária.
As questões humanas que envolvem o assunto
são complexas e estão além do ponto de vista ético-profissional, principalmente
por ser esta profissão a única com o direito de execução de um paciente,
acatando, na maioria dos casos, ordens de pessoas hierarquicamente superiores.
No
que diz respeito aos aspectos relacionados a manutenção da saúde, a medicina
veterinária está sujeita a 2 paradigmas: os cuidados com animais de produção e
os de estimação.
No primeiro a ética veterinária prevalece, e o animal não é
individualizado. Como a morte do animal neste caso é inevitável, não representa
a eutanásia propriamente dita, mas sim o abate.
No
segundo caso, a criação do bicho está inserida na relação homem-animal de
estimação, onde a morte não é superada. aí, a manutenção da vida, dentro da
estrutura da medicina veterinária, é o objetivo básico para manter os lados
afetivos-emotivos entre "dono" e "paciente" (animal).
A
eutanásia ganha então outra visão.
A partir do momento em que a morte começa a
rondar e torna-se uma realidade inexorável, é que se exteriorizam todas as
dimensões da profundidade desta relação.
Qual deve ser então o posicionamento do
veterinário, no momento que as condições psicológicas do dono são fragilizadas?
como e o que fazer diante de um caso "terminal"?
Quais os critérios de uma decisão que poderá
levar à eutanásia e os procedimentos a serem tomados?
Todas essas perguntas - e
outras que naturalmente surgem - não estão em nenhum manual de primeiros
socorros e um pouco distantes do código de ética profissional.
A formação humana
é que posicionará o veterinário, conforme sua sensibilidade.
A
Dra. Hannelore Fuchs, psicóloga, médica veterinária e uma das poucas pessoas que
tem se aprofundado no estudo da relação homem-animal, faz algumas considerações
sobre o assunto, mas de início já avisa:" a decisão final sempre deve ser do
dono".
Contudo, a pessoa poderá estar de tal forma
afetada, mesmo após ser ouvida e introgetada a avaliação do médico veterinário
quanto às condições de saúde animal - e a possibilidade de salvá-lo -, ainda que
sejam necessárias sacrifícios pessoais, envolvendo todo um processo de
enfermagem, por exemplo.
Tudo isso, também é comum nos casos que as
pessoas exigem os mesmos cuidados para o seu "cãozinho", que os dados a qualquer
ser humano.
Aí começam a ser trabalhados outros aspectos.
Fator econômico pode pesar muito no momento
pela eutanásia, aliada a outros fatores de ordem prática, como capacidade de
tratamento animal, que requer tempo, dedicação e habilidade de enfermagem por
parte do dono.
E o sofrimento de perda, com quem fica?
Geralmente a dor fica com as pessoas que
mais conviveram e amaram o animal.
Pode ocorrer que a pessoa que toma para si a
responsabilidade de eutanásia, tenha um grau menor de afetividade.
Como o
"chefe" da família, por exemplo, nem sempre terá a mesma relação com o cãozinho
que os demais familiares.
Além de ser analisada as condições
sentimentais que cercam o bicho, também deve ser avaliado o sofrimento do bicho,
para que, a partir disso, o médico veterinário venha ter uma postura que o leve
a iniciar "um ritual" de preparação com o dono, conscientizando-o da morte
eminente.
A
psicóloga e veterinária adverte que todo o processo de eutanásia, deve ser
explicada ao proprietário.
"Deve-se mostrar os mecanismos da eutanásia e as
conseqüências psicológicas. assim, após a morte, ficará mais fácil todo esse
processo de luto, evitando-se que a raiva e culpa sejam jogadas em cima da
figura do veterinário, o que será desgastantes".
Responsabilidade:
Diferente da responsabilidade da cura, a da
morte pode ser mais séria, sobretudo, se não respeitada a vontade do cliente.
Apesar de não existir nenhuma lei para determinar os parâmetros da chamada
"morte feliz", são condenáveis, e passíveis de punição, a eutanásia ativa,
aquela que a ação direta provoca a morte do paciente (animal), quando não
autorizado pelo cliente (dono).
É
de se questionar se a execução de milhares de animais em canis é um ato ativo ou
passivo. o número de animais soltos nas grandes cidades cresce a cada dia e,
consequentemente, o "sacrifício" também é cada vez maior e realmente é
impressionante.
Dr. Albert LangClínica de
Pequenos Animais - Joenville -SC
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