quinta-feira, 28 de junho de 2012

Diversão não priva a liberdade



Alegria não combina com exploração. Se você ama os animais, não compactue com os ditos “entretenimentos” que usam bichos como atrações

da redação do Notícias da ARCA
Por VANESSA GONZALEZ

Como uma determinada situação pode ser verdadeiramente divertida se o principal envolvido não tem direito a escolha?
Animais usados para o entretenimento humano não tem opção e vivem conforme roteiro traçado pelos homens.

Essa reflexão deveria ser feita antes da decisão de visitar parques com golfinhos, baleias e outros mamíferos aquáticos.
Ao contrario do que imagina a alegre platéia, animais de parques famosos e sofisticados podem passar por situações de grande stress e sofrimento nos bastidores, apesar da boa infra-estrutura que possuem.
Não se pode dizer que animais confinados em tanques e submetidos a exaustivos treinamentos e apresentações gozam do bem estar e saúde que só o habitat natural proporciona.
O mesmo se aplica a rodeios, circos ou mesmo a maioria dos zoológicos.

Reflita, faça as escolhas certas
Época de férias é sinônimo de descanso e diversão.
Com janeiro logo aí, chegou a hora de se desconectar, desligar o celular, e ignorar o relógio – o que não pode é esquecer a própria consciência.
Se durante o ano inteiro você defendeu e respeitou os animais, não tem porque patrocinar certas práticas agora.

Na hora de incluir os passeios no roteiro de férias da família, observe se o os animais fazem parte das atrações. Seja critico(a) e fuja de pegadinhas do tipo, todo mundo vai.
Os animais só estão ali, presos, longe do habitat natural, porque existe um público que paga, banca e dá lucro aos donos.

Recentemente uma baleia orca de 1,4 tonelada se tornou a protagonista de uma grande batalha judicial. Após ser encontrada ferida na Holanda, surgiu o impasse: quando se recuperasse, seria devolvida à natureza? Infelizmente no dia 30 de novembro a orca foi transferida para um zoológico das Ilhas Canárias, na Espanha, tornando-se mais uma triste atração turística.

Golfinhos e baleias pagam um alto preço pelo fascínio que causam em adultos e crianças.
São pessoas que, para ter a chance de ver, nadar ao lado e até encostar-se a eles, pagam o que for – e assim patrocinam a captura e o confinamento de tantos outros mamíferos marinhos.

Mas o que é melhor, saber que esses animais estão em liberdade, vivendo a vida que merecem ter, ou presos em tanques sobrevivendo à mercê da próxima platéia?


O Brasil como exemplo
Poucos sabem que o início da ARCA está intimamente ligado a um golfinho muito especial, o Flipper. Assim como muitos que vivem em parques mundo a fora, ele foi separado de sua família em 1984, em Laguna (SC). Apartado da liberdade, passou a viver em um tanque de 12 metros de largura de um parque de diversões em Santos (SP), distraindo visitantes em troca de peixes mortos.
Seu sofrimento durou até 1993, quando finalmente ganhou a merecida liberdade, uma conquista que colocou o Brasil em destaque no cenário mundial.
“O nosso país deu um exemplo ao mundo de que animais são protegidos por leis.
Em termos de golfinhos livres de cativeiro, estamos à frente de muitos países desenvolvidos, a exemplo dos EUA“, afirma Marco Ciampi, presidente da ARCA Brasil.

A batalha não foi fácil, começou com o químico Márcio Augelli do Tucuxi, Grupo de Proteção ao Boto, que entrou com uma ação exigindo sua liberdade.
Depois da vitória no tribunal, criou-se a Associação dos Amigos do Golfinho Flipper, entidade que deu origem à ARCA Brasil.

Na linha de frente do projeto, que contou na época com o auxílio técnico e financeiro da WSPAWorld Society for the Protection of Animals, uma dupla trabalhou intensamente para salvar o animal.

O norte-americano Ric O’Barry, ex-treinador de golfinhos que mudou sua trajetória e passou a readaptar esses cetáceos cativos à liberdade, e Marco Ciampi, presidente da ARCA Brasil, que coordenava as equipes e cuidava das questões legais e operacionais para a transferência do golfinho.

Flipper em processo de reabilitação em Laguna (SC)

A experiência com Flipper mostrou na prática o que homens e mulheres com alguma sensibilidade já sabem: lugar de animal silvestre é em seu habitat.
Futuro

  Sempre questionaremos situações que exponham os animais ao stress, que os privem de sua liberdade ou de exercer seu comportamento natural.
Esse artigo sobre o uso de animais para entretenimento humano, remete a um questionamento: tiramos um bicho de sua casa e o colocamos em uma jaula por estar sob ameaça em seu habitat, ou passamos a questionar as instituições que mantém esses animais com o argumento de protegê-los?
Qual seria o ensinamento a uma criança que vê um bicho confinado?
Com toda tecnologia disponível, não seria mais didático mostrar os animais em seu habitat, com câmeras ocultas, em 3D, simuladores, etc.?
Afinal, é o mundo que deixaremos para esse indivíduo, que dependerá do indivíduo que deixaremos para esse mundo, que dependerá...

Saiba mais:
Documentário “The Cove” denuncia massacre de golfinhos e leva Oscar
Flipper: um culto à liberdade

http://www.arcabrasil.org.br/noticias/1112_entretenimento.html

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