terça-feira, 11 de junho de 2013

“Podemos começar em julho”, diz gestor de novo hospital gratuito para animais

A expansão do serviço abre uma nova discussão: o poder público deve se responsabilizar pela saúde de animais de estimação?

Wanderley Preite Sobrinho- iG São Paulo |
 
Divulgação
O hospital na zona leste atende 30 cães e gatos todos os dias gratuitamente para a população carente

O novo hospital veterinário gratuito já pode entrar em funcionamento em julho deste ano em São Paulo se depender de Denis Prata, vice-presidente da Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais (Anclivepa).
 
É a essa entidade que o prefeito da capital, Fernando Haddad (PT), entregou a tarefa de colocar o novo complexo de pé.
 
“Temos edifícios na zona norte já avaliados, todos no bairro de Santana.
 
Eles já estão pré-desenhados para uma possível unidade de atendimento especializada em cães e gatos. Podemos iniciar o atendimento em um mês”, afirma Prata.
 
“Mas quem vai decidir sobre isso é a prefeitura, que planeja entregá-la até o final do ano.”
 
O hospital em Santana será o segundo a sair do papel no Brasil.

O primeiro, no Tatuapé, na zona leste, é bem avaliado pela população, mas, segundo especialistas, a expansão do serviço abre uma nova discussão: o poder público deve se responsabilizar pela saúde de animais de estimação?

Para Prata e para os usuários do serviço ouvidos pelo iG, cães e gatos já são tratados em casa como membros da família, o que justifica a atenção da prefeitura, que investe R$ 600 mil por mês na unidade do Tatuapé.

“Minha filha foi atropelada. Parece que ela quebrou a bacia”, explica Thais Prado (28) sobre a cadela Blanca.

Ao pé da maca, ela aguardava um exame de raio-x enquanto denuncia “o déficit nessa área” por parte dos governos.

“A Blanca vive comigo há dez anos.

É parte da minha família.

Como eu pago impostos, o governo deve se responsabilizar pelo tratamento dela.”

O sociólogo José Carlos Rassier, diretor do Instituto de Educação e de Gestão Pública, acredita que “o homem não está sozinho” e que “toda diversidade da vida deve ser protegida”, mas que o investimento em hospital veterinário não pode tirar o foco de uma das maiores necessidade brasileiras: a oferta de saúde de qualidade para os seres humanos.
 
“O Sistema Único de Saúde [SUS] ainda não atende a população com o padrão de qualidade exigido pela Constituição“, diz ele.
 
“Se é possível fazer um centro de excelência para animais, por que isso ainda não ocorre para as pessoas?”
 
Veja como funciona o hospital gratuito para cães e gatos:
 

 
Para a cientista política da Universidade Estadual de São Carlos (UFSCar), Maria do Socorro, Haddad sabe que a iniciativa pioneira terá "retorno eleitoral garantido".
 
"Quando ficar demonstrada a eficácia do serviço, a medida atrairá apoios políticos para o prefeito."
 
A professora considera a comparação com o SUS inevitável, mas o prefeito terá sucesso se o hospital acabar protegendo a saúde humana ao cuidar dos animais abandonados.
 
"Tem animal de rua que transmite doenças e causa mais gasto ao poder público."
 
Para Rosângela Ribeiro, gerente da WSPA (sigla em inglês para Sociedade Mundial de Proteção Animal), "esse hospital foi uma grande conquista de proteção animal e ajuda a população carente que não tem acesso”.

Mas ela alerta para necessidades ainda mais urgentes:

 "A prefeitura não deve descuidar dos programas de saúde preventiva e controle populacional dos bichos."

Rosângela acredita a população ainda precisa aprender sobre a necessidade de esterilizar seu animal, vaciná-lo anualmente, passear com ele e recolher suas fezes.

"Alguns municípios, como Manaus, querem implantar hospitais públicos, mas falta a eles esse histórico de prevenção."

Como a medida tem grande alcance popular, a cientista política não teme que os sucessores do atual prefeito abandonem a ideia.

 “É como o Bolsa Família: como ele é muito popular, ninguém vai extingui-lo.”

http://ultimosegundo.ig.com.br/

Nenhum comentário: