terça-feira, 18 de setembro de 2012

CARTA PARA "DONOS" DE CÃES ACORRENTADOS

Antes de vocês lerem esta carta comovente, que retrata o descaso de muitos em relação aos animais, eu como protetora, gostaria de dizer algumas palavras.

É impossível que continuemos parados, diante de tanto sofrimento silencioso.
Não é possível que os corações dos seres humanos estejam tão endurecidos que não vejam nem sinto dor, diante do abandono de políticos, das autoridades e mesmo de locais de referência de ajuda aos animais, que nada fazem.
Eu abrigo 21 animais (cães e gatos), sem nenhum auxílio,tirando do meu trabalho de terapeuta o sustento deles. Além deles ainda alimento galinhas que retirei de um pseudo abrigo em estado de quase morte (24), patos(10).
Pago empregado para cuidar deles, ração, medicamentos, veterinário, vacinas e tudo o que se faz necessário e mesmo que eu tenha que tirar de mim, eu o faço com muito sacrifício, mas com o maior prazer.

Será que sejamos nós tão poucos,que esses abrigos(cárceres), não podem acabar?
Se cada pessoa escolher um animalzinho nestes lugares,poderíamos livrar esses animais de tanto sofrimento.
Somos 200 milhões de brasileiros!

Será que só 10% desta população gosta de animais?
Precisamos ajudá-los, antes que eles morram.



Querido "dono",

...Consegui que escrevessem esta carta por mim.
Nem sabes a alegria que sinto por poder comunicar contigo.
Todos os dias, desde aquele dia longínquo em que me colocaste a corrente no pescoço e me prendeste neste espaço, eu sonho que venha me visitar e fazer festinhas como me fazias quando eu era um bebê.
Eu sonho que venhas conversar comigo, não entendo muito bem o que me dizes, mas nem imaginas como adoro ouvir o som da tua voz!

Eu sei que fiz algo de errado, senão certamente não me terias colocado aqui.
Desculpa!
Não quero ser exigente mas começa a doer ter esta corrente atada ao meu pescoço.
Às vezes tenho o pescoço dormente, e outras vezes tenho muito comichão e nem consigo coçar!
Sinto o seu peso todos os dias, o peso da solidão que me prende.

Tenho vontade de esticar as pernas e correr...e como eu gostava de poder fazer isso contigo! Adorava que me atirasses umas bolas, aí eu podia mostrar-te como sou rápido a correr e como as trazia rapidamente.
Gostava de poder ver o que tu vês, o mundo lá fora é muito grande?
E existem outros como eu?

Ás vezes tenho sede e alguma fome mas eu aguento em silêncio porque sei que assim que poder virá dar-me comida e água, sei que fazes o que podes, eu não quero incomodar, mas sabes, por vezes gostava de ter um pouco da tua companhia.

Sei que talvez alguém te tenha dito que eu não tenho sentimentos, mas olha que é mentira!
Nem imaginas quanta alegria sinto quando alguém me toca ou se dirige a mim.
Nem sabes quanta tristeza e solidão pesa em mim nas longas horas que não vejo ninguém.
Nem sabes o medo que por vezes sinto no Inverno aqui sozinho, e tenho tanta vontade de estar perto de ti.

No outro dia passaram aqui umas pessoas estranhas e puseram-se a olhar cá para dentro e a apontar para mim, riam e atiravam umas pedras na minha direção.
Queriam vir fazer-te mal.
Acertaram-me com uma na pata e ontem não consegui levantar-me , mas eu afuguentei-as logo com o meu ladrar.
Eu não quero que ninguém te venha fazer mal…e não quero que te zangues comigo, eu prometo fazer melhor por ti.

Eu sou o teu amigo mais fiel, nunca te irei trair, não guardo rancor, e não tiro nunca o lugar de ninguém, será que tens mais amigos assim no teu mundo?
Só queria um pouco mais da tua atenção e amor, uma cama quente no inverno, um local fresco no verão e o teu cheiro a entrar-me nas narinas todos os dias, seguido de um sorriso e uma festa no meu velho lombo.

Eu sei que um dia tu irás chegar aqui e tirar a corrente, e dar-me tudo isto, até lá eu fico quieto á espera.
Só não demores muito meu "dono", porque estou a ficar velho e começo a ver e ouvir mal. Faltam-me forças e não quero ir, sem viver um pouco contigo.

Do teu "cão”

Se virem um cão aprisionado, imprimam esta carta e coloquem na caixa do correio dos donos.
Em nome dos “cães”, obrigada.


Autor: APAIXONADO POR ANIMAIS
 
 
 

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