Por Carolina Brígido
Agência O Globo – sex, 31 de ago de
2012
BRASÍLIA -
O presidente do Supremo Tribunal
Federal (STF), Carlos Ayres Britto, não come carne, frango ou peixe há mais de
20 anos.
Apesar de ser vegetariano, não são todos os vegetais que entram em seu
prato. Jiló, mandioca roxa e berinjela crua, por exemplo, não têm vez.
Na sessão
de quinta-feira, ao votar pela condenação de cinco réus do mensalão, ele deixou
clara sua restrição:
- É confrangidamente que nós magistrados
aplicamos o direito penal e condenamos alguém, sobretudo à pena privativa de
liberdade.
Gosto de jiló, gosto de mandioca roxa, gosto de berinjela crua.
Algo
fica no céu da boca do magistrado que se vê na obrigação de condenar alguém -
disse.
Nesta sexta-feira, numa demonstração de
tolerância, passou rapidamente pela churrascaria Porcão de
Brasília para dar um abraço em Cezar Peluso, colega do STF recém-aposentado que
se despedia de seus assessores com um almoço no local.
Mesmo com as opções de
saladas e verduras no cardápio do restaurante, Ayres Britto preferiu almoçar
antes em casa e chegou ao evento por volta das 15h.
Normalmente, quando vai a um almoço ou
jantar, o ministro se certifica dos pratos que serão servidos.
Quando não há
nada que o satisfaça, forra o estômago antes de sair de casa.
No tribunal, seu
lanche é ligeiramente diferente: se os colegas consomem presunto, ele se
satisfaz com frutas, sucos e sanduíche de pão com queijo.
Além de comer pouco,
cultiva o costume de mastigar muitas vezes antes de engolir.
A mudança nos hábitos alimentares ocorreu
repentinamente.
Enquanto se balançava numa rede, o ministro teve uma revelação.
Veio à sua mente a seguinte frase: "Jamais inflija sofrimento a qualquer ser
vivo".
Desde então, não consome mais qualquer tipo de carne.
A revelação não tem
valor para réus do mensalão e seus eventuais sofrimentos com as
condenações.
Ayres Britto acorda todos os dias antes do
sol nascer para meditar.
Ainda pela manhã, faz caminhadas.
O ministro é adepto
do Osho, um filósofo indiano que certa vez anotou:
"A alimentação não
vegetariana é uma das causas básicas de toda a sociedade estar em uma luta
praticamente contínua.
Ela o torna insensível, duro, como uma rocha, e cria
raiva e violência em você, o que pode ser facilmente evitado".
Coincidência ou
não, no tribunal o ministro é conhecido por seu dom de pacificar as brigas dos
colegas na Corte.
Além de terminar o julgamento do mensalão
antes de se aposentar, em novembro, o ministro tem outro desafio pela frente:
tornar-se vegano, algo que ainda não conseguiu.
Os adeptos da prática ficam
impedidos de comer qualquer tipo de alimento de origem animal, como leite e seus
derivados e ovos.
Ele revelou recentemente estar empenhado para alcançar esse
fim.
Fonte: Agência O Globo - Yahoo
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