O Diário do Engenho está inaugurando uma nova coluna: Entrevistas.
A partir de agora, o leitor de nosso periódico eletretronico poderá saborear - sempre aos fins de semana - um bate papo especial realizado com personalidades envolvidas com as mais diferentes questões do universo piracicabano.
E, abrindo esse espaço, a nova coluna traz a público 10 perguntas feitas a Miriam Miranda.
Incansável batalhadora da causa animal, ativista engajada na luta pelo defesa, proteção e direito dos animais, Miriam Miranda comanda com amor e dedicação a ONG piracicabana Vira Lata Vira Vida. Nas últimas semanas, Miriam representando a ONG - foi também uma das responsáveis - ao lado do Centro de Zoonoses de Piracicaba e outras entidades - pela guarda e tratamento do rotweiller Lobo - arrastado (acidentalmente?) pelas ruas de Piracicaba em uma caminhonete (e que, infelizmente, veio a óbito na última terça-feira, dia 15, após lutar heroicamente por sua vida).
Leia. Reflita. Comente.
***
1: Para além da tristeza, como voce e a ONG Vira Lata Vira Vida estão entendendo o que aconteceu com o cachorro Lobo?
Quais serão, na sua visão, os possíveis desdobramentos do caso?
[Miriam Miranda]: A nossa luta agora é em busca da mudança de legislação.
Desde o acolhimento da denúncia até a aplicação da penalidade.
É preciso que os direitos dos animais sejam respeitados não só em palavras, mas em ações concretas.
O contrário disso demonstra uma sociedade em decadência.
2 : Por conta da violência do ocorrido com Lobo, o caso dele provocou grande mobilização e muita revolta.
Voce não teme que, pela gravidade da situação, a indignação popular gere ainda mais problemas e violência?
Como devem se comportar agora todos os que estão interessados em não deixar o caso ser esquecido nem passar em branco?
[M.M.]: A violência e revolta social contra uma possível impunidade no caso deve ser descartada.
A sociedade deve crescer como um todo.
Devemos avançar no sentido da paz, da justiça e da estabilidade social.
Perderemos todos.
Inclusive a causa animal.
A luta e a revolta deve ser contra a legislação branda demais, que tem brechas demais.
E contra isso se luta com ações, diálogo, articulação.
A impunidade nos revolta profundamente, mas não podemos igualar ou nivelar a sociedade pelo que há de pior: a violência.
3 : Certamente tudo foi feito para salvar a vida de Lobo, não?
Quais os parceiros que voce gostaria de destacar nessa luta pela vida de Lobo?
[M.M.]: Os profissionais do Centro de Controle de Zoonoses de Piracicaba, em especial Dra. Rafaela, que fez o primeiro atendimento.
Talvez, o pior momento vivido por Lobo.
Dor, sofrimento, estresse, medo.
O trabalho dela garantiu a sobrevivência de Lobo na temida primeira noite.
Dr. Armando Frasson, Dra. Solange Frasson e toda equipe da clínica.
Algumas pessoas especiais que não foram destacadas:
D. Diva, que se sentava ao lado dele, mesmo sedado, e lhe fazia companhia.
Sr. Vicente, que se tornou uma espécie de avô do Lobo, que fez bem mais do que seus curativos.
D. Iolanda, que conversou com Lobo o tempo todo e foi a referência dele na clínica.
Ele a obedecia e mudava o semblante quando ela estava por perto.
4 : Em relação ao Lobo, não seria interessante a construção de um monumento que marque o ocorrido?
Lobo foi cremado na sexta-feira, 18, numa cerimónia simples no Éden Pet, em Campinas.
Gostaríamos que ele ficasse no abrigo da Ong, onde ele estaria se estivesse vivo.
Ele ficará num pequeno jardim.
Trabalhamos muito com educação.
Recebemos sempre crianças, adolescentes e a lembrança de Lobo será sempre uma referência na luta pelos maus tratos.
No sábado, 19, realizamos uma cerimonia simples no abrigo, ás 15h, para homenageá-lo.
5 :Pensando nos inúmeros casos de violência contra o animal, voce concorda que foi a Gazeta de Piracicaba um dos primeiros Órgãos da imprensa piracicabana a denunciar tais casos e a trazer a tal vergonha municipal?
Como voce vê a colaboração geral da imprensa piracicabana e também dos movimentos populares via redes sociais em relação à causa animal?
[M.M.]: A Gazeta de Piracicaba é responsável pela criação de uma nova consciência sobre o tema.
É sem dúvidas, uma referência não só em Piracicaba, mas na região.
As pessoas passaram a entender e respeitar o trabalho de proteção animal.
Hoje, toda imprensa de Piracicaba dá destaque, participa de campanhas, informa os leitores de forma séria.
Piracicaba é uma referência na divulgação e nas conquistas na proteção animal.
6: Por que voce acha que Piracicaba vem, infelizmente, se destacando nacionalmente na questão aos casos de violência contra todo tipo de bicho?
O que pode ser feito para tentar por fim a esse recorde absurdo?
[M.M.]: Piracicaba se destaca porque divulga os casos.
Esse é o lado positivo.
A sociedade, ao tomar conhecimento da brutalidade desses casos, se manifesta, repudia, pede justiça.
Esse destaque gera discussão e mudança de consciência.
Mas, é preciso dar a resposta a essa conscientização.
A resposta é a punição, ou melhor, ao cumprimento da lei.
Maltratar animais é crime.
Se é crime, deve ser punido.
7: Como vai indo a campanha em prol da criação de uma delegacia de defesa dos animais? Quais são os próximos passos?
Estarei em Campinas na segunda-feira (dia 22) num debate sobre maus tratos, realizado pela Band. Estará presente ao debate a delegada responável pela Delegacia de Proteção Animal de lá.
Será uma oportunidade para entendermos o funcionamento e encaminhamento dos casos.
A Ong Vira Lata luta pela Delegacia, mas quer dar sua contribuição, abrindo espaço para receber animais que, porventura, sejam retirados do dono.
Com o encerramento da campanha, entregaremos um abaixo assinado e documentação referente aos maus tratos em Piracicaba a autoridades locais para que elas encaminhem o processo da abertura da delegacia aqui.
8 : Há algum vereador ou algum político piracicabano que esteja realmente interessado em apoiar essa causa?
[M.M.]: Hoje não temos um vereador que fala sobre o tema, apresenta proposituras, alerta sobre abusos.
É uma pena que um tema que mobiliza tanto a população tenha apenas um vereador interessado. Muitos ignoram totalmente e nos tratam com distanciamento.
A Ong Vira Lata acredita que o Executivo esteja mais sensibilizado com esse tema.
Precisamos no momento de ações rápidas e efetivas.
Por isso essa sensibilização é significativa.
9: Como vai indo a ONG Vira Lata Vira Vida?
Quem quiser colaborar com a organização (e com seus animais) o que deve fazer?
[M.M.]: Temos diversas frentes de trabalho dentro e fora do abrigo.
Toda ajuda é muito importante.
No caso de colaboração financeira é necessário entrar em contato com a Ong.
E a ração é sempre nossa maior necessidade.
Nosso site é: www.viralataviravida.org.br, estamos no facebook, perfil 2 ( o primeiro está esgotado) e nosso telefone: 9831 1929.
10 : Quais as expectativa para o show de Janu & Conjunto Adonai em prol da Vira Lata Vira Vida, no próximo dia 8 de dezembro?
[M.M.]: Precisamos garantir a ração de janeiro.
Ainda não conseguimos garantir a segunda quinzena de dezembro e essa é uma grande preocupação. O show do Janu & Conjunto Adonai, além de encerrar com muita emoção o nosso ano, nos ajudar muito na compra da ração.
Fora as questões financeiras da instituição, uma confraternização para membros, colaboradores e simpatizantes da causa.
Estamos honrados com esse evento.
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